Endometriose

Endometriose

Esta é umas das doenças mais complexas na ginecologia, pois não sabemos exatamente suas causas (existem várias teorias, mas provavelmente seja um somatório de fatores que levam à formação da endometriose).

Mas o que é endometriose, afinal? A descrição mais simples é a presença de células do endométrio fora da cavidade uterina, ou seja, focos de endométrio surgem na parte externa do útero, ovários, trompas, intestino, bexiga e até mesmo em outros órgãos fora da pelve. Sabemos que esse “endométrio fora do lugar” gera uma serie de alterações : hormonais, imunológicas, inflamatórias.

O que sabemos com certeza é que esta patologia pode se apresentar de diversas maneiras em cada mulher: ausência de sintomas, dor forte na menstruação, dor pélvica crônica, dor na relação sexual, dor ou desconforto ao urinar ou evacuar e ainda dificuldade de engravidar. Tais sintomas podem reduzir qualidade de vida, causar abstenção na escola ou trabalho, e muitas vezes ter um diagnóstico tardio quando não investigados.

A endometriose pode se apresentar de três formas: superficial, endometrioma (quando forma cistos no ovário) e profunda.

O seu diagnóstico pode ser suspeitado durante uma avaliação clínica e pelo exame físico. Alguns exames complementares também ajudam (ecografia transvaginal e ressonância magnética da pelve, por exemplo). Entretanto, o diagnóstico definitivo é obtido na videolaparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva em que é possível identificar os focos de endometriose, realizar biópsias e o tratamento desses focos, tudo isso no mesmo momento.

Todas as mulheres precisam fazer a videolaparoscopia? Não, a decisão pela cirurgia é uma decisão entre médico e paciente e depende da gravidade dos sintomas, desejo da paciente, entre outras questões associadas, como tratamentos prévios, etc.

O objetivo do tratamento da endometriose é o controle dos sintomas e não a cura da doença. Vários tratamentos hormonais são possíveis, dependendo do perfil de cada paciente. Os mais comuns são o uso de anticoncepcionais orais, pílulas de progesterona isolada ou do DIU hormonal.

Você sabia que é comum a mulher ter os sintomas por vários anos de antes de se definir o diagnóstico da Endometriose? O problema é que, durante esse tempo, em geral a mulher fica ansiosa e com medo do que está sentindo e não recebe o tratamento adequado.

E quando a endometriose é causa também de infertilidade? Mulheres que têm endometriose têm maior risco de não conseguir engravidar naturalmente. Assim, o ideal é não esperar muito tempo para tentar engravidar, e se houver dificuldade, procurar uma avaliação com um médico capacitado em reprodução humana.

O objetivo do tratamento da endometriose é o controle dos sintomas e não a cura da doença, então tudo vai depender do objetivo naquele momento: alivio de dor ou desejo de engravidar. De qualquer forma, o tratamento sempre começa com a informação da paciente sobre a sua doença, com uma dieta saudável e nutritiva, atividade física regular, sono de qualidade, sempre acompanhada por profissionais da área de nutrição e de educação física, se possível.

Vários tratamentos hormonais são possíveis quando o objetivo é controle de dores, dependendo do perfil de cada paciente. Os mais comuns são o uso de anticoncepcionais orais, pílulas de progesterona isolada ou do DIU hormonal, mas o uso de hormônios não é obrigatório. 

Além disso, outros tratamentos para manejo de dor, como acupuntura , fisioterapia pélvica e uso de medicamentos para dor crônica, também podem ser necessários ao longo do acompanhamento. Apesar de não ter cura, a endometriose pode ter manejo muito efetivo, e restaurar a qualidade de vida da mulher.

Dor forte não é normal!

Mesmo que você tenha uma ecografia ou ressonância normais, isso não quer dizer que você não tem endometriose, porque se tiver dor suspeita da doença ou infertilidade, seguiremos com a suspeita da endometriose!

Drª Camila Bessow

CREMERS 38560
Ginecologia · RQE 30647
Reprodução Humana · RQE 39178
Endoscopia Ginecológica · RQE 35917

Médica formada pela UFRGS;
Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia.